quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Ventos

O mundo é feito de ventos
Vento que bate na minha e na sua cara
Que de caras em caras
Há de fazer com que nos encontremos
Nas curvas, daqui ou acolá

Caminho

Paguei passagem e fui
naveguei
nadei
caminhei
caminhei
caminhei
pro nada
não achei o fim
nem o começo
fui obrigada a voltar
e no caminho
pensando
melhor mesmo foi ter ido
do que ter ficado
pra ficar com a lembrança
doce ou amarga
e rápida
daquilo que fora vivido
já esquecido

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Saudade

Clandestina que vem não se sabe porquê, não se sabe como.
Chega de malas prontas, domina o espaço, faz morada.
Aventureira de muitos lares, de muitos amantes.

É serena e densa.
Na brisa ou tempestade.
De domingo a feriado.
Jovem anciã sem idade.

Saudade é deixar estar. É tato. Saudade toca no passado.
Saudada é ver, e querer, o que não se tem. É ouvir a vida uivar, lá de trás.
Saudade tem o gosto quente do que já foi e do que ainda não é.

A boca bebeu da saudade, e a saudade a beijou.