Hoje
é 20 de julho e dizem por aí que é dia do amigo. Dizem também que foi um
argentino quem criou esta data devido à chegada do homem à lua, em 20 de julho
de 1969, com o argumento de que este é “um feito que demonstra que se o
homem se unir com seus semelhantes, não há objetivos impossíveis”. Verdade ou
não, é uma data que nos faz pensar na distância dos próximos e na proximidade
dos distantes, dos amigos que pisaram e marcaram nossas vidas, tal como o
astronauta que fixou sua pegada na lua.
De
acordo com o poeta e dramaturgo inglês William Shakespeare, nossos círculos de
amigos são formados por pessoas das quais elegemos a companhia. “Bons amigos
são a família que nos permitiram escolher”, afirmou. Mas, nem sempre podemos escolher os amigos. Há
pessoas que surgem em nossas vidas de maneiras tão peculiares e, de súbito, tornam-se
especiais. Mesmo que não tenhamos nada em comum, a diversidade deixa a amizade
mais completa, mais divertida, mais gostosa. As contradições só se contradizem porque
o que é contradito conversa entre si. Quem disse que temos que ter os mesmos
gostos ou costumes que os nossos amigos?
Aliás,
quem é que não tem aquele amigo chato, mala? Sobre isso, o poeta e jornalista
brasileiro Mário Quintana diz que “há
duas espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e os amigos, que são os
nossos chatos prediletos”. Porque os chatos são amáveis.
Há
quem diga que amigos verdadeiros são joias raras, difíceis de encontrar, são
tesouros de valor inestimável. “Todas as riquezas do mundo não valem um bom
amigo” disse Voltaire, escritor e
filósofo francês. Isso é incrível, pois por diversas vezes são em momentos
singelos que se constroem laços intensos, significativas de amizade, os quais
nos remetem às lembranças mais profundas e expressivas, mesmo que pontuais. “Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é
traficante; a amizade sente-se, não se diz”, completou Machado de Assis, ilustre autor brasileiro. Porque o puro e simples também
é raro.
Para o
filósofo Immanuel Kant, a amizade é efêmera,
instável. “A amizade é semelhante a um bom café; uma vez frio, não se aquece
sem perder bastante do primeiro sabor”, apontou. Amigos têm crises, haverá
brigas. É natural. Porém, amigo também perdoa. “Pode ser que um dia deixemos de
nos falar... Mas, enquanto houver amizade, faremos as pazes de novo”, sobrepôs
o físico Albert Einstein.
A
amizade é um meio de nos isolarmos das tristezas e cultivarmos algumas alegrias,
é um consolo, quase uma necessidade. “A amizade é um meio de nos isolarmos da
humanidade cultivando algumas pessoas”, redarguiu
Carlos Drummond de Andrade, cronista e poeta. Talvez seja mesmo um isolamento, mas uma
espécie de isolamento conjunto. Há pessoas que fazem dos livros, da natureza,
os seus melhores amigos. A solidão nunca é, de fato, sozinha.
“A
amizade é uma predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da
felicidade um do outro”, narrou Platão, filósofo e matemático grego. É bem aquela coisa de ser
responsável por aquilo que cativas e tal. É depender da felicidade do outro, pra
projetar a própria. Assim como cantou Legião Urbana, na música “Comédia
Romântica”: “Eu não preciso de modelos, não preciso de heróis, eu tenho meus
amigos.”
Agora,
amigo que é amigo, compartilha não só os instantes de alegria, mas divide as
angústias, os erros, os medos... Amigo que é amigo reconhece a alma do outro.
“Um
amigo me chamou pra cuidar da dor dele, guardei a minha no bolso. E fui”, finalizou a escritora e jornalista brasileira, Clarice Lispector.
Dedico este texto aos meus queridos amigos, àqueles que de alguma forma contribuem para a minha felicidade e dão à minha vida cinzenta um toque a mais de cor. Obrigada.